Muito se fala sobre cidadania. A palavra, de tanto ser usada, já perdeu seu verdadeiro sentido, até porque para o brasileiro, de uma forma geral, ser cidadão ou exercer o direito da cidadania, se resume a votar.
Em 2005, escrevi um artigo para os jornais locais com o título de “Cidadania e Solidariedade”. Lembro-me que, naquela ocasião, fiquei estarrecida. Era 7 de setembro daquele ano e a Rádio Jovem Pan saiu pela cidade de São Paulo, perguntando “Você é um cidadão? Você exerce seus direitos de cidadania? Como você exerce seus direitos de cidadão?”. Para espanto e surpresa dos ouvintes as respostas foram as seguintes: “Sim, eu sou um cidadão, exerço os meus direitos votando em todas as eleições e plebiscitos”.
Nestes 6 anos que se passaram, será que o entendimento do que é ser cidadão no século XXI mudou? Será que há maior percepção do verdadeiro significado e da magnitude desta palavra?
Infelizmente a denominação cidadania está sendo banalizada, ou seja, é usada para explicar uma porção de atitudes, que estão corrompendo a real acepção deste substantivo. Todos acham que só existem direitos. Um grande amigo meu, de trabalho, me escreveu um dia: “Muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes lembramos apenas dos nossos direitos, se pararmos para contar quantas vezes fala-se a frase - "É meu direito", vamos perceber que ela é muito mais dita do que,"É nosso dever"”.
Nós temos o dever de participar e nos mobilizar. A participação é um dever. Saber quais os problemas do nosso bairro ou vizinhança é um dever, participar de grupos de discussões sobre os problemas que nos afligem é um dever, ir à reunião de pais nas escolas é um dever. Só depois de cumprimos os nossos deveres é que poderemos reivindicar os nossos direitos.
Já a mobilização exige um grau de maturidade e articulação bem maior, pois ela só poderá acontecer depois de algumas etapas. Há que ter um foco,há que ter conhecimento da causa, há que ter indignação pelo fato de nossa participação ter sido ignorada.
Participação e mobilização são as palavras mágicas para que consigamos comover aqueles que nos governam. Cumprir os direitos e deveres é exercer a cidadania em sua plenitude. Reclamar em casa ou num bar sobre a falta de governança, sobre os desmandos ou sobre a corrupção daqueles que gerem os nossos direitos e nosso dinheiro não leva a nada. O problema é que, ou por preguiça, ou porque não queremos perder a novela, ou porque ‘dá trabalho”não participamos e não nos mobilizamos. Está mais do que na hora de entendermos o real significado da palavra cidadania.
Vamos lá pessoal: em que você acredita? O que te indigna? Quer uma escola melhor? Quer seus filhos longe dos perigos da rua? Quer ser atendido com respeito, que você merece, nos postos de saúde? Quer uma praça bem tratada? Vamos pensar, vamos nos reunir em associações de bairros, grupos de interesse, conselhos (são tantos) e vamos participar. Estes são alguns dos deveres que temos para sermos merecedores de os nossos direitos. Somente assim seremos
ouvidos e conseguiremos mudar nossas vidas, nosso bairro, nossa cidade e porquê não nosso País?
Gosto muito de uma frase de Fabio Barbosa: “O importante é participar. Afinal, o que você faz afeta a sociedade. O que você não faz, também.”
Rita Maria Cardoso Barbosa
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